Ei.
Não tenho muito o que dizer. Apenas guarde as minhas palavras com carinho e volte nesse texto sempre que necessário. Ah, e mesmo que cê não seja o público alvo, desejo que essa leitura expanda a sua mente. Bora prosear?
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Não sei se é a idade, mas pensei muito na minha primeira experiência sexual depois de adulta. Lembrei do diálogo que rolou quando a outra pessoa chegou ao orgasmo. Hoje eu enxergo com clareza o quão doloroso foi perguntar aquilo.
—Você não vai retribuir?
—Achei que você fosse ativa.
A conversa morreu, não aconteceu mais nada, ela virou pro canto e foi dormir.
Essa situação mudou tanto a química do meu cérebro, como dizem os jovens, que depois disso passei a me preocupar somente em dar prazer pra outra pessoa. A reciprocidade sempre ficava em segundo plano e tudo bem se ela não viesse. Por muito tempo essa versão de ser intocável me vestiu. Essa parte de mim já foi embora há muito tempo, mas as memórias ficaram.
O tempo me mostrou algumas verdades que levo comigo enquanto mulher desfeminilizada e quero compartilhar com você que me lê:
1 - Eu devo me relacionar com quem me vê com gentileza.
2- Não é justo me entregar para uma pessoa que me coloca na posição de alguém que só está ali para cumprir um papel. Não existe isso. É violento.
Pode até parecer pouco, mas entender essas duas coisas foi um processo longo e difícil, confesso. Às vezes (quase sempre) eu sentia que o caminho mais fácil era o de deixar tudo como estava, pois assim as minhas lágrimas seriam poupadas. Hoje eu vejo que chorar também me ajudou a assimilar que eu não queria mais ser tratada como uma máquina de sexo por outras mulheres.
Entender que sou uma mulher que também precisa de afeto, escuta e cuidado me fortalece. Me aceitar exatamente desse jeito é a minha forma de protesto em relação ao estereótipo que colocam em mim todos os dias, por onde eu ando.
Bom, não vou estender muito o papo porque esse não é um assunto fácil. Só quero terminar a nossa prosa dizendo o óbvio:
Você merece tudo de bom que a vida pode oferecer.
Você pode ser desejada, tocada e respeitada.
Não é nada difícil te amar. Na verdade, essa é a coisa mais fácil e bonita. É como o céu azulzinho de Minas Gerais, esse que vejo enquanto escrevo mais essa newsletter pra você.
Um abraço daquela que não vai desistir enquanto você estiver por aqui.
Afrocaminhão.
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Te amar é como o céu azulzinho da Bahia também: bonito. Que não consigo ver agora, mas sinto saudade. E facinho de se fazer, uai, como aceitar um cafezinho mineiro, ou decorar os ditados daí durante sua passagem. Obrigada por esse texto. Eu amo você.
Fico admirada com a tua coragem de compartilhar isso...
E sinto muito por você ter passado por isso, amiga 🥹
Todas nós merecemos ser amadas e desejadas e não podemos aceitar menos do que isso.
Obrigada por esse texto incrível! Você me inspira muito, viu?