não pensei em um título - VPFDM #8
acho que pode ser algo como: a vida real pode dar medo ou alívio.
Ouve essa enquanto lê.
Hoje me peguei cantando sozinha no banheiro. Mais tarde, voltando pra casa, aconteceu de novo: outra música, outro momento de cantar como se ninguém estivesse vendo. Senti uma alegria discreta quando li o livro de um amigo e, sem pensar muito, mandei uma mensagem só pra contar que ele me fez sorrir.
À noite, no entanto, as notificações do WhatsApp começaram a me agoniar. Eu não tinha cabeça pra conversar. Quem usa essa ferramenta pra trabalhar sabe o quanto é difícil ter energia pra responder quando tudo o que se quer é descansar.
Às vezes, me culpo pela ausência na vida das pessoas que eu gosto. Outras vezes, me dou um parabéns por ter ido à academia e cumprido tudo que estava na agenda.
Algumas semanas atrás, minha cabeça parecia um rádio quebrado. Tudo que eu queria era um botão de "desliga".
Chorei bastante no mês passado. Me culpei por chorar. Depois, me obriguei a parar de colocar tanta culpa onde, na verdade, deveria haver acolhimento. Percebi que tinha até esquecido como era chorar de peito aberto, me permitindo a vulnerabilidade sem censura.
Pensei em trocar de emprego. Pensei em voltar a tocar violão.
Pensei em me afastar um tempo do mercado de trabalho — e também que seria bom montar um quebra-cabeça de mil peças. Depois me pareceu um tipo de plano que não resolve nada, mas que me faria sentir que ainda tenho algum controle.
Já me senti mal por não conseguir escrever. Os dias passaram, e, no último sábado, abri o bloco de notas. Escrevi um capítulo inteiro com aquelas personagens que mudaram a minha vida em 2021. Dandara e Cecília.
Os dias não são iguais. Não são.
As redes sociais andam tentando nos convencer do contrário, vendendo uma linearidade que não existe. Mas presta atenção: essa não é a vida real. E é justamente por não ser que eu estou tentando aprender a abraçar os dias bons e ruins..
(E acho que cê também pode tentar por aí)
E, no meio de tudo isso, eu sigo sonhando. Sempre sonhando.
Termino por aqui. Sim, bem do nada, como quem passa só pra causar tumulto, vai embora e te deixa pensando: o que rolou aqui?
Depois a gente proseia mais.
Até qualquer hora.
Afrocaminhão.
Às vezes, parece que a gente desaprendeu a viver (da maneira como vivíamos antes da pandemia), e a viva tá muito acelerado, é tudo pra ontem. Infelizmente NÃO TEM COMO COMPETIR COM O TEMPO, mas como que anda junto com ele se tudo que a gente parece precisar é de uma PAUSA? Vamos tentando juntas, o que acha?