Oi, né? Sou eu. Apareci de novo pra conversar um pouco.
Tenho pensado tanto sobre a internet e a simplicidade de antes. Não quero soar como alguém que odeia tecnologia — muito pelo contrário, acho extremamente útil —, mas mora dentro de mim uma saudade dolorida dos tempos em que acessar a internet era um evento programado. Não sei se consigo explicar isso de uma forma menos ranzinza, mas, resumindo: ficar na internet o tempo todo não era possível — a não ser para quem não dependia da internet discada, aquela que era de graça no fim de semana e ocupava a linha do telefone, causando brigas em casa.
Eu até sei por que essa nostalgia tem batido tanto ultimamente. Essa saudade também vem de um cansaço das redes sociais e seus algoritmos racistas. O engraçado (pra não dizer trágico) é que sou uma autora que precisa dessas plataformas para que meu trabalho chegue às pessoas, mas esses espaços parecem feitos para fazer com que eu me sinta invisível o máximo possível. É uma briga sem fim: se eu sumo das redes sociais, corro o risco de desaparecer de vez; se decido postar alguma coisa, sinto que estou nadando contra a corrente. Vivo isso em tantas áreas da vida que chega uma hora que simplesmente já deu, né?
Não sei bem onde quero chegar com essa conversa, mas gostaria de pedir desculpas pra vocês, minhas leitoras, por não ser aquela autora que compartilha tanto do dia a dia. Vocês sabem que já fui bem mais ativa nas redes, mas, naquela época, eu não sentia que estava sendo totalmente eu — e isso é desesperador pra mim, que prezo por não abrir mão de nada do que sou em essência.
Eu não tenho talento para TikTok (apesar de já ter arriscado uns vídeos), e o X, que antes era meu lar, está cada vez mais tóxico. Hoje em dia, só jogo uma informação por lá e saio correndo. Talvez ainda seja um diário, mas bem diferente do que já foi. Se eu for entrar nesse papo, aí vai sair um texto gigante. De todas as minhas saudades das redes sociais do passado, a do Twitter é a maior. Dói ver o que ele se tornou e com certeza há de piorar nos próximos anos.
É por essas e outras que essa newsletter tem sido um alívio. É o único espaço onde não preciso driblar algoritmo nenhum — posso simplesmente escrever, sabendo que essas palavras vão chegar por e-mail e que vocês vão ler qualquer dia desses, quando estiverem de bobeira em casa ou voltando do trabalho.
Dito isso, como forma de agradecer por vocês não desistirem de mim, vou soltar um spoiler do que estou escrevendo.
Apesar do horário, resolvo ligar para a única pessoa que pode compreender os meus motivos.
— Ei, tá podendo falar? — Ninguém responde. Eu seco os olhos e me endireito na poltrona. — Oi?
— Só um minuto.
Ela sussurra, e eu me sinto uma sem noção por ligar tão tarde.
— Deixa pra lá, agora que eu vi que é quase uma hora da manhã.
Escuto ela me pedindo para esperar e um som de chinelo arrastando. Não demora muito até Cecília voltar, ainda falando baixo:
— A Eduarda tá falando com a Dandara por vídeo chamada, chorando horrores... e agora você me liga. O que aconteceu, Fernanda?
— Nossa, e eu aqui me achando inconveniente... — Me levanto da poltrona e caminho até a janela da varanda. — Eu terminei com ela. A Duda não sabe o que quer. Como posso me relacionar com uma pessoa assim, me fala?
Por hoje é só, viu? Quem sabe eu não solto essa história por aqui, capítulo por capítulo, igual nos tempos de Wattpad?
Me conta o que vocês acham da ideia.
Beijos,
Afrocaminhão.
Estava pensando justamente sobre isso esses dias. Simplesmente, meu tesão em postar coisas na internet não existe mais, ainda mais com tantas mudanças atualmente. Muitas vezes, é impossível denunciar um post e você simplesmente não recebe o conteúdo que deseja. Enfim... cada dia mais difícil. NÃO DA PRA SOLTAR ESSA BOMBA SOBRE MINHAS GAROTAS E SAIR CORRENDO, HEIIIM!!
Sim, concordo com toda a questão da rede social, chega a ser sufocante em tanto níveis, na maior parte das vezes, que só de pensar em tentar se dobrar pro algoritmo, é desesperador. Mas agora me conta, como que a Fernanda pode se relacionar com alguém assim? CADÊ O RESTO DA FOFOCA?