Oi, caminhonetes!
(Que saudade de escrever isso, hein?)
Eu sumi, né? Pois é. É sobre isso que vamos conversar hoje. Se você gosta do meu trabalho e quer ficar mais perto de quem eu sou e o que penso, indico que continue a leitura. Essa newsletter não é nem de longe uma reclamação. Eu diria que é tipo quando cê senta com uma pessoa querida na mesa do boteco e desabafa.
Vou ser bem direta: a rotina me sufoca. Não pela escrita do livro — que carinhosamente vamos descrever como “minhas lésbicas de 30 anos” e nem de longe me cansa —, mas por causa do trabalho presencial e das outras demandas da vida adulta. É doloroso entender que essas tarefas que não estão ligadas à arte influenciam negativamente no tempo de entrega da minha nova obra. Eu entendo que machuca porque a culpa sempre fala mais alto. Ela é uma maldita quando lembra insistentemente da época em que eu escrevia um livro por mês, estava ativa nas redes sociais e cheia de ideias de divulgação. Essa inconveniente diz que não estou levando a minha profissão a sério.
Enquanto isso, o meu lado racional ri da cara dela, me pede pra listar os motivos do sumiço e da demora na escrita. Ele até tenta, no meio da barulheira que é essa minha cabeça, dizer que qualquer quantidade de palavras por dia é alguma coisa. Os dois brigam todos os dias, só que quem termina caída no ringue da luta sou eu. O fim do dia traz exaustão e uma dúvida tremenda se devo acreditar na minha própria culpa ou nas evidências. A minha psicóloga ensinou que a segunda funciona direitinho, sabe? Só é difícil demais.
Por que eu escolhi compartilhar isso com vocês?
1) Eu não consigo fazer outra coisa nesse momento a não ser finalizar o processo de segunda leitura desse livro. Não consigo porque preciso dedicar o que resta da minha mente (cansada do CLT) nele e entregá-lo no final desse mês.
2) Quero que vocês entendam que ser uma pessoa que escreve não é fácil. Eu não sou a única que vivo me sentindo mal por não conseguir viver do que amo fazer.
Não é só sobre se sentir mal. É uma vontade de chorar, gritar que esse mundo é injusto e que é absurdo que ele seja assim. Não é só uma tristezinha. É estar no trabalho presencial se prometendo ou jurando por qualquer pessoa/coisa importante que você vai escrever hoje. Nem que você termine meia-noite. É desistir de descansar no fim de semana porque esses são os dias que você não tem nada na agenda.
Ser uma autora que não vive de arte é o desafio mais difícil da minha vida, mas eu não seria nada sem a escrita. Quando preciso fazer um cadastro qualquer é “escritora” que coloco no campo de profissão. São os abraços dos eventos literários que me aquecem nas noites em que choro por não conseguir dar conta de tudo. Eu sei, ninguém dá, juro que tô tentando pensar assim desde o mês passado. Me apego a tudo de bom que o mundo literário me trouxe e me agarro nessas conquistas pra continuar.
Eu vou continuar. Só preciso aprender a respeitar os meus próprios passos.
Se o que eu contei te atravessou de alguma maneira, mesmo que cê não trabalhe com escrita, nós vamos tentar pegar mais leve com a nossa jornada, certo? A gente consegue, ainda que nem todos os dias sejam bons.
Um abraço da sua escritora, mais velha do que em 2019, com menos tempo, mas que continua por aqui,
Afrocaminhão.
Atualizações e fofocas!
Eu vou me casar!
Sim, eu e a Hiana vamos formalizar nosso casamento no cartório no dia 18 de dezembro. Eu estou ansiosa demais e torcendo pra que dê tudo certo! Minha roupa já chegou, se vocês quiserem saber mais sobre o look ou os passos do casamento, me avisem aqui que iremos fofocar mais sobre isso!
Eu não estou mais no X
Não uso o X há alguns meses e não estou sentindo falta. Minhas redes principais são instagram e BlueSky, ambos estou como “Afrocaminhão”. Pode ser que eu volte pro X para futuras divulgações, mas será só assim. Para interações e afins, me procurem nos outros lugares.
Passos de Liberdade não está mais na Se liga editorial.
Kieza e Fayola não fazem mais parte do catálogo da editora. Esse livro é muito especial e confesso que é um dos meus favoritos, mas não é mais possível comprar! Estou planejando trabalhar nessa obra novamente em 2025 e ver o que fazer com ele, mas certamente não irá pra gaveta, tá bom?
E pra fechar: spoiler do livro novo!
Toma aí um trechinho só porque vocês já são de casa:
Parabéns pelo casório e bem vinda de volta! Trabalhar jornada dupla não é fácil... e ler "preciso fazer um cadastro qualquer é “escritora” que coloco no campo de profissão." Me impactou demais. Forte e poderoso!
Tenho orgulho da sua jornada e da sua entrega! Que o novo livro venha lindão 🤗🩵